Rogério Borges: “É preciso ler muito, não só para ser escritor, mas também para ser jornalista”.


Rogério Borges responde a Yago Sales

          O Jornalista Rogério Borges, respondeu a Dez numa conversa próxima aos livros da mini biblioteca do Cine Ouro, em Goiânia. Repórter do Jornal O Popular, professor de jornalismo da PUC-GO. Borges é considerado o principal jornalista que cobre literatura em Goiás. Abraçado pela admiração do autor deste blog, não poderia haver melhor estréia do que essa entrevista, conduzida com nervosismo, tropeços nas perguntas – nada do que uma bela edição esconda.

                                                                          


Qual seu conselho para quem está iniciando no jornalismo?


Acho que para quem está iniciando, a pessoa tem que procurar uma formação, estudar e conhecer daquilo que ela quer fazer.

Rogério, e para quem quer ser repórter e cobrir literatura?

No caso de quem quer fazer jornalismo literário, precisa conhecer o Jornalismo e literatura, já que estar querendo fazer o encontro entre jornalismo e literatura que é o jornalismo literário. Acredito que a formação de jornalismo seja importante no sentido de compreender as engrenagens desse discurso, compreender as rotinas produtivas, para que possa, dessa forma, ousar um pouco mais, trazendo a literatura para dentro do texto. E no caso da literatura, claro, se a pessoa tiver uma compreensão da critica, das técnicas literárias, melhor, mas se a pessoa tiver o talento em relação a escrever, ótimo também.

O que rege um bom escritor?

           
Não existe bom escritor sem ser bom leitor. É preciso ler muito, não só para ser escritor, mas para ser jornalista. Mesmo na escola básica, quando se faz jardim de infância, você aprende primeiro a ler, para só depois a escrever. No jornalismo, na literatura é a mesma coisa. Quem não sabe lê, não sabe escrever.

Para ser um bom jornalista que cobre literatura, é preferível que se faça, também, letras?

No meu caso: eu fiz Graduação em Jornalismo e Mestrado em Letras. Mas acredito que para trabalhar em jornalismo literário, precisa ter passado por outro jornalismo. Já que o jornalismo literário não é estético, é informativo. Acima de tudo, ele continua sendo um tipo de jornalismo – diferenciado, mas é.

O que fazer para ser jornalista literário?

Cobrir literatura vem para o jornalista, acredito, com o amadurecimento da profissão. Para se fazer jornalismo literário é preciso ter um domínio bom, mais do que o jornalismo tradicional, o literário é um discurso especifico, e não é fácil de ser feito, mesmo com muita gente achando que é – geralmente, essas pessoas pensam que é fácil por que não conhecem o jornalismo literário.  Na faculdade, onde leciono, os alunos ficam ansiosos para fazer trabalhos mais autorais. Isso só é possível com o amadurecimento do texto. E isso só acontece com o amadurecimento da escrita, que acontece com a prática.

E o mercado de jornalismo Literário aqui em Goiás?


Acredito que nem exista um mercado especifico para jornalismo literário. Existem, sim, oportunidades no mercado tradicional pra que se faça esse tipo de jornalismo. Acredito também que, parte muito mais do profissional do que da empresa. Se o profissional apresenta um bom trabalho no jornalismo literário, a empresa vai querer aproveitar. O repórter é quem precisa abrir o seu espaço dentro da empresa, para que ela (empresa) possa lhe dar liberdade para fazer o que ele quer fazer.

Uma noticia do dia a dia, pode ser transformar em reportagem literária.

           
            Com a iniciativa do repórter, sim. Mas é preciso dizer que o jornalismo literário não é um tipo de jornalismo que deva ser de maneira leviana, como para deixar o texto mais bonitinho, como muita gente acha.

No que pensava quando fazia faculdade? Pensou se tornar o Borges da Literatura?

            Nunca pensei em jornalismo literário. Sempre quis jornalismo impresso.
           

O que você lia quando adolescente?
           
            Pedro Bandeira, Miguel Jorge e muitos outros. Quando cheguei à fase adulta, li os autores que me apresentou para a literatura: Machado de Assis, Álvares de Azevedo, Jose de Alencar. Nesse caso, em questão de leitura, você mesmo precisa buscar. Mostrar interesse. Não esperar que o professor te dê um livro. Leitura tem que ser prazer, não uma obrigação.

Quem cobre literatura, precisa ler todos os gêneros, mesmo não gostando de um?

            Como eu cubro literatura às vezes eu tenho que ler o que não estaria na minha escolha, mas não deixa de ser aprendizado.



ROGÉRIO BORGES – Jornalista, formado pela Universidade Federal de Goiás. Publicou em 2006, em conjunto a outros dois jornalistas, Deire Assis, Vinicius Sassine, o Livro Caminhos da Reportagem – Eu ganhei um exemplar, o que me empurrou para uma paixão para a reportagem literária. Borges dá sua lição na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Mantém o Blog rogerioborges.blogspot.com , inclusive, indagado nesta entrevista sobre o blog, ele disse que “ o site  não tem nenhuma importância jornalística”, o que discordo, já que lá, encontramos os livros lidos por Rogério, o que nos direciona ao caminho do jornalista e, podemos encontrar textos. Vale à pena visitar.



2 comentários:

João Damasio disse...

Perfeito Yago!
Sou fã do Rogério Borges também e adorei a entrevista. Qualquer jornalista ou estudante gostará de ler.
Começou muito bem o novo blog!!!

Anônimo disse...

Isso que eu chamo de começar com o pé direito! Rsrs Parabéns Yago. Amei a entrevista e já estou indo seguir o blog indicado (rogerioborges.blogspot.com). Abração!

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